segunda-feira, 16 de março de 2009

Mulher: uma reflexão sobre nosso tempo


“Só uma mulher supersônica consegue ser eficiente como melhor mãe, melhor filha, melhor esposa, melhor profissional, melhor dona-de-casa e melhor bunda”. (Marta Medeiros).

Passadas as comemorações alusivas ao dia Internacional da Mulher, esta frase da Marta me chamou a atenção. Não é fácil viver em uma época em que se precisa ser boa (m) ou ótima(o) em tantas coisas sem se sentir uma pessoa cansada. Cansada de tantas opções que o mundo nos oferece das quais temos que escolher sempre a melhor. É claro que ninguém quer o pior para si, para os que nos rodeiam e para o mundo em geral, não é mesmo? Mas por vezes o corre-corre do dia-a-dia nos cansa e às vezes já não sabemos o por quê.
Muitos estudos da sociologia e psicologia apontam a invenção da pílula um dos passos importantes para uma maior liberdade da mulher. Isso possibilitou uma maior escolha e controle sobre o que se deseja. Alguns acontecimentos como as primeira e segunda guerras mundiais possibilitaram na Europa e America do Norte a estréia das mulheres de forma massiva no campo de trabalho, já que muitos homens estavam nos campos de combate. Isso são dois exemplos de conquistas das mulheres nos campos sociais e afetivos do último século. Todas essas conquistas e crescimentos nos campos pessoal e profissional das mulheres têm contribuído bastante para sua afirmação social e autoestima, sem sombra de dúvida. A roda do destino que até então regia a vida das mulheres, circulando em torno de ser filha, passar a ser esposa, a mãe de, a avó de, sempre a mulher de algum homem começa a mudar com o passar dos anos. Agora já há condições de escolha. A mulher hoje não precisa apenas ser aquilo que a roda do destino lhes reservou. Ela pode mais. Yes, we can, em inglês. Podem tudo e de tudo.
Contudo, frente a todas as possibilidades também vem as expectativas sociais e pessoais frente ao que vem a ser mulher neste século XXI. E esse ser mulher que a frase da Marta nos coloca deixa as mulheres frente a esse dilema. Ela pode tudo, inclusive ser objeto de suas escolhas. Muitas escolhas em vista exigem muita sabedoria. Em tempos de mudanças aceleradas e constantes, parece que sempre se esta correndo contra o tempo. Isto pode gerar um sentimento de confusão, indecisão, perceber a vida como se fosse vazia. Não que homens também não possam se sentir desta forma em suas vidas. A maioria, senão todos nos perguntamos o quanto nossas escolhas tem nos deixado satisfeito com a vida que levamos. Mas as mulheres parecem ser mais sucetíveis por todas as mudanças na sociedade e em si próprias que vem ocorrendo. A todas(os) essas perguntas geram algum sofrimento. Para algumas pessoas, verdadeiras crises de angústia. Afinal, um mar de escolhas pode imobilizar-nos.

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