sexta-feira, 17 de julho de 2009

O amor é uma viagem…


Hoje vou contar uma historia... Em um país longínquo do oriente médio, numa época remota, um rei chamado Shariar descobre que sua esposa o está traindo com o mais baixo servo de sua corte. O servo foi morto junto com a sua suposta amada. Desde então, conta a lenda, naquele reino, o Rei Shariar casou com uma mulher por noite, sendo que ao final de cada noite de núpcias, sacrificava a recém casada esposa. Isto foi um duplo problema: político, pois quem haveria de se casar com alguém isento de qualquer punição por seus atos (de mandar matar suas esposas) e psíquico no sentido de o Rei Shariar não conseguir mais se apaixonar e confiar em alguém.
Eis que num belo dia, Sherazade, a filha do soldado responsável por executar as esposas, resolveu, para espanto de todos, casar com o Rei. Seria uma contradição muito grande o próprio pai ter de executar a filha, sem dúvida... No entanto, na noite de núpcias do casal, Sherazade, resolveu contar historias. A cada historia contava uma historia que teria uma sequencia na noite seguinte. Para continuar a ouví-la, o rei ficava curioso e deixava sua rainha viver por mais uma noite… e a contação de histórias seguia firme e acabaram vivendo juntos durante muito tempo. O ciclo de casamentos e mortes acabou. Algumas dessas histórias são contadas em um clássico da literatura de autor desconhecido chamado As mil e uma noites.
Esta pequena história, muito resumida, nos faz pensar acerca dos muros, reais e imaginários, construídos em muitas relações amorosas, do amor sem confiança, do prazer sem afeto com o outro, seja homem ou mulher. Em última análise, da falta de acreditar em si próprio. A morte, nesta pequena história narrada, não necessariamente pode ser vista como a morte real, física do/a outro/a. Ela pode ser um tanto a descrença de que o amor é possível e valha à pena. Sherazade faz toda uma viagem para convencer a si e ao rei que ambos eram dignos de uma história melhor do que aquelas que já conheciam e viveram, através de palavras que tocaram sem ferir seu amado. Palavras estas como quem tem uma ferida que precisa ser tocada para ser cuidada numa troca de um curativo.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A terra do nunca


Um grande espaço do tempo televisivo, de rádio e mesmo da mídia impressa tem sido destinado à morte do ídolo do pop Michael Jackson. Aliás, periodicamente somos levados a “consumir” determinadas informações. Às vezes nem precisavam de tanto destaque, holofotes e pirotecnia. O mesmo aconteceu com o caso Isabella, aquela menina jogada criminosamente pela janela de um apartamento num bairro de classe média alta de São Paulo, da adolescente Eloá morta pelo ex-namorado enciumado, o recente desastre da Air France... Não são fatos banais ou menos trágicos que outros. Na mesma época que Isabella estava em pauta, uma menina numa vila em Porto Alegre havia sido morta por um padrasto, depois de estuprada, enforcada com a própria roupa... Não teve o mesmo espaço que Isabella. Algo faz com que determinados acontecimentos façam com que as pessoas estejam tão atentas a determinadas notícias, dando audiência às emissoras, vendam jornais, etc...
O grande sucesso de Michael Jackson, embora não necessariamente sua música seja do gosto de todos, sua vida atribulada, nos fazem pensar no sentido de progredir profissionalmente, em qualquer carreira, quando a vida pessoal parece estar de ponta a cabeça... Casamentos sucessivos e malsucedidos, escândalos sexuais, dívidas de elevadíssimas somas. E nos últimos anos, Neverland (terra do nunca de Peter Pan), era sua residência ate o final de 2008 na Califórnia nos Estados Unidos. Além de ter uma imensa mansão, zoológico era também um parque infantil. Tudo numa área de 1120 hectares. O cantor dizia que escolheu fazer este lugar para divertir as crianças e que gostaria de recuperar a infância que não teve. Ora, sabemos o quanto se ouve falar da época que éramos crianças e éramos felizes. Só que na terra mítica de Peter Pan as crianças não crescem jamais. A vontade de reviver uma infância perdida só surge como possível numa cultura em que a felicidade das crianças é a fantasia de todos, ao menos e o que os adultos supõe. Esse seja um dos motivos que fazem as pessoas darem tanta atenção a este ícone do pop. Ele nos diz respeito de alguma forma, pelo menos considerando o que somos enquanto sociedade, o que somos em nosso tempo. Mas a repetição da mídia é exaustiva... Será que nos damos conta?