segunda-feira, 27 de abril de 2009

Por que fazer psicoterapia?

O sofrimento é algo inevitável a existencia humana, seja físico ou mental. Eis a condição humana. São diversas as formas que nos fazem sofrer ao longo da vida do ponto de vista psicológico. O sofrimento pode estar presente também em situações de vida positivas, embora isso possa parecer estranho num primeiro momento. Pode ser o nascimento ou a perda de um filho, a perda de um amor ou não conseguir apaixonar-se, não conseguir emprego ou ser promovido no trabalho, a distancia das pessoas queridas ou a frieza das pessoas próximas, a dificuldade de aprender algo novo ou um não saber o que fazer com toda a sua bagagem de conhecimentos, quando se ama além do que se deve ou quando não se deixa envolver com alguém e quem sabe ganhar na megasena e não saber mais em quem confiar ou o que fazer… a lista pode ser infinita.
Todos esses acontecimentos de vida nos impõem a questão do inevitável de diferentes formas. É como aquela situação de passar na frente de um espelho sem saber e vermos outra pessoa ou outra “coisa” num primeiro instante, mas quando nos damos conta, estamos diante de nós mesmos. Inevitável nos depararmos com as verdades das encruzilhadas da vida e não termos algum estranhamento diante de nós mesmos, de nossas fraquezas, de nossas limitações e nossas forças.
A psicoterapia é um espaço em que se acolhe o sofrimento humano através da palavra da pessoa com o objetivo da transformação e do crescimento da pessoa em qualquer faixa etária nos diversos campos da vida. Ela deve ser exercida por um profissional habilitado como psicólogo ou outro profissional com habilitação como um médico. Quem dimensiona o pedido da psicoterapia é a pessoa, ou um adulto quando o paciente for uma criança, que busca o tratamento, sendo esta que irá definir como, a que velocidade e por que caminhos deseja percorrer. É, portanto realizada uma avaliação inicial do que a pessoa necessita e apresentada a forma como o trabalho ocorrerá, aberto à negociação. Importante ressaltar que é um trabalho de absoluto sigilo e privacidade. É um trabalho que demanda vários encontros, geralmente um ou dois encontros semanais, de acordo com a demanda e a abertura às mudanças.
A psicoterapia, independente se sua abordagem for psicanalítica, cognitiva ou sistêmica, associado ao tratamento com uso de medicamentos psicotrópicos costuma apresentar significativos resultados positivos quando os tratamentos estão associados ao invés de cada tratamento isolado.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sexualidade x Sociedade x Indivíduo?



A sexualidade humana tem sido um dos grandes interesses da ciência por diversas áreas do conhecimento, sejam elas da área médica, ciências sociais, psicologia e psicologia social, dentre outras. Também tem aguçado a curiosidade das pessoas quanto a este aspecto da vida afetiva. Foucualt, filósofo e psicólogo frances afirma que os discursos sobre a sexualidade constituem praticas na nossa sociedade que inauguram a noção de indivíduo. E a partir daí que irá fazer uma complexa e extensa análise de como se passa a valorizar a sexualidade como um campo que merece atenção em nosso meio. Não que antes a sexualidade não existisse, ou não fosse estudada. Mas a partir do século XVIII, na Europa inicia uma crescente preocupação social em torno dessa questão. Inaugura-se aí um tempo em que a cultura, seja no campo das religiões, ciência, moral e ética, a discussão do papel da sexualidade na vida do indivíduo e da sociedade. Como exemplo de nossa cultura cito a aceitação ou não de determinadas práticas, algumas fundamentais às sociedades como a proibição ao incesto que constitui-se do impedimento de pais terem relações sexuais com filhos/as e de adultos com crianças.
Quando falo de sexualidade, não me refiro estritamente a um ato em si. Me remeto a um campo da vida das pessoas mais amplo como a proximidade física entre as pessoas através de encontros como um abraço de mãe, um tapa nas costas de um amigo, um aperto de mão. São experiências com nosso corpo, sendo permitido ou não dentro de uma dado momento e local, reguladas por uma “disciplina” socialmente compartilhada que são satisfatórias e prazerosas na maioria das vezes e vão nos falar sobre nossos afetos e desafetos, confiança ou desassossego. Valem mais que palavras algumas vezes. Para citar um exemplo, o comportamento e a proximidade física permitida socialmente numa danceteria é bem diferente daquela desejável em um ambiente de trabalho. Os valores da pessoa mudam? Não creio. O que altera será o modo como isso será visto pelos outros, pela sociedade...
Mas minha questão e como as pessoas têm sofrido da insatisfação dessa esfera de suas vidas no contemporâneo, caracterizando-se pelo imperativo de felicidade, prazer com a exaltação da individualidade, sejam elas casadas ou não. Parece que quando a “disciplina” opera de forma a oprimir a vontade e um certo livre arbítrio da pessoa poderão surgir algumas alterações que ocasionam sofrimento. São inúmeras as denominações médicas e psíquicas dessas dificuldades como frigidez, impotência, ejaculação precoce, etc. Algumas delas podem ser orgânicas evidentemente, ou seja, de ordem de alguma alteração física, necessitando acompanhamento médico. No entanto, há situações em que não ocorre nenhuma alteração física. Ao que tudo indica, parece que o sofrimento parece ser de outra ordem, sendo necessária uma intervenção terapêutica não medicamentosa. Essas alterações no desejo sexual propriamente dito podem ser efeito de conflitos inconscientes, culpabilização, valores pessoais muito rígidos, expectativas muito elevadas em relação ao outro(a) e a si próprio, dentre outras formas que tem como um dos resultados possíveis, a uma baixa auto-estima/valor pessoal e quem sabe até um conflito de identidade. É necessário um tratamento que considere o comentário verbal acerca dessa vivencia e um ouvinte qualificado e sem preconceitos para uma melhoria da qualidade de vida.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Depressão: um mal de nosso tempo?

Muito tem se discutido nos últimos anos sobre uma modalidade de sofrimento bastante comum em nossos dias: a depressão. Embora alguns se questionem acerca de que se esta doença se caracteriza de adjetivos do tipo “frescura”, “fraqueza”, “moleza”, “preguiça” e uma infinidade mais de (des)qualificações, a depressão pode ser algo muito sério, dependendo da historia de vida de quem a sofre. Em algumas situações extremas pode haver risco de vida inclusive.
Inicialmente, é necessário fazer uma distinção do que vem a ser uma tristeza e do que é de fato uma depressão. Isso se torna necessário porque atualmente muitas pessoas têm a tendência a pensar que sentir tristeza vem a ser algo que não deveria fazer parte da vida. Frases do tipo “a vida é uma festa” parecem ser uma constante, imagina-se num eterno programa da Xuxa onde a tristeza jamais existiu. Esta e uma expectativa irreal diante da vida. Impossível viver sem ter alguma perda, por vezes bem importante, se decepcionar com alguém, se frustrar alguma vez no trabalho ou nos estudos. Vivemos em uma época em que estar alegre e feliz, como tanto insistem as propagandas, parece ser nossa única sentença. No entanto, a vida é imperfeita e haverá momentos em que a tristeza será nossa companheira. A dor, o sofrimento e a tristeza fazem parte daquilo que nos faz humanos. A tristeza, porém, tem uma outra face, aquela que nos faz pensar na vida, nos sentir vivos, bem vivos com vontade de continuar a viver e a conhecer e realizar coisas novas.
Por outro lado, a depressão vem a ser a intensificação da tristeza, uma tristeza exagerada, sobre a qual pode ser difícil ter um controle. Diversos podem ser os sinais de que a depressão pode estar ocupando um espaço significativo na vida de uma pessoa: se irritar com freqüência sem um motivo relevante, se sentir cansado, indisposto, desanimado para fazer as coisas que fazia antes, dificuldades para dormir ou acordar, ou ainda realizar muitas tarefas como uma fuga de seus sentimentos, agitação motora e por aí vai... Todos estes sinais tem como pano de fundo um sentimento de desesperança na vida, um sentimento de que a vida perdeu o colorido, sabor, cheiro, as pessoas não são mais as mesmas... Cuidado! Nessa descida pode se perder muitas outras coisas de valor na vida: estagnar profissionalmente, ressentindo e resignando-se, não desejar mais tanto estar próximo de pessoas (isolamento social), idéias de ruína pessoal e inclusive idéias de se suicidar (em situação extrema).
O tratamento da depressão pode ser através de medicamentos por meio de um psiquiatra ou médico ou através da psicoterapia. Na verdade é bastante aceita a idéia de que ambos são importantes para um tratamento conjunto e eficaz. Falar sobre seu sofrimento diante de alguém com uma escuta qualificada, que instiga a pensar outras formas de ser é um caminho importante para vencer esse sofrimento e poder ter uma vida mais realizada e completa, nos deixando mais dispostos a aventura de viver.