segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sexualidade x Sociedade x Indivíduo?



A sexualidade humana tem sido um dos grandes interesses da ciência por diversas áreas do conhecimento, sejam elas da área médica, ciências sociais, psicologia e psicologia social, dentre outras. Também tem aguçado a curiosidade das pessoas quanto a este aspecto da vida afetiva. Foucualt, filósofo e psicólogo frances afirma que os discursos sobre a sexualidade constituem praticas na nossa sociedade que inauguram a noção de indivíduo. E a partir daí que irá fazer uma complexa e extensa análise de como se passa a valorizar a sexualidade como um campo que merece atenção em nosso meio. Não que antes a sexualidade não existisse, ou não fosse estudada. Mas a partir do século XVIII, na Europa inicia uma crescente preocupação social em torno dessa questão. Inaugura-se aí um tempo em que a cultura, seja no campo das religiões, ciência, moral e ética, a discussão do papel da sexualidade na vida do indivíduo e da sociedade. Como exemplo de nossa cultura cito a aceitação ou não de determinadas práticas, algumas fundamentais às sociedades como a proibição ao incesto que constitui-se do impedimento de pais terem relações sexuais com filhos/as e de adultos com crianças.
Quando falo de sexualidade, não me refiro estritamente a um ato em si. Me remeto a um campo da vida das pessoas mais amplo como a proximidade física entre as pessoas através de encontros como um abraço de mãe, um tapa nas costas de um amigo, um aperto de mão. São experiências com nosso corpo, sendo permitido ou não dentro de uma dado momento e local, reguladas por uma “disciplina” socialmente compartilhada que são satisfatórias e prazerosas na maioria das vezes e vão nos falar sobre nossos afetos e desafetos, confiança ou desassossego. Valem mais que palavras algumas vezes. Para citar um exemplo, o comportamento e a proximidade física permitida socialmente numa danceteria é bem diferente daquela desejável em um ambiente de trabalho. Os valores da pessoa mudam? Não creio. O que altera será o modo como isso será visto pelos outros, pela sociedade...
Mas minha questão e como as pessoas têm sofrido da insatisfação dessa esfera de suas vidas no contemporâneo, caracterizando-se pelo imperativo de felicidade, prazer com a exaltação da individualidade, sejam elas casadas ou não. Parece que quando a “disciplina” opera de forma a oprimir a vontade e um certo livre arbítrio da pessoa poderão surgir algumas alterações que ocasionam sofrimento. São inúmeras as denominações médicas e psíquicas dessas dificuldades como frigidez, impotência, ejaculação precoce, etc. Algumas delas podem ser orgânicas evidentemente, ou seja, de ordem de alguma alteração física, necessitando acompanhamento médico. No entanto, há situações em que não ocorre nenhuma alteração física. Ao que tudo indica, parece que o sofrimento parece ser de outra ordem, sendo necessária uma intervenção terapêutica não medicamentosa. Essas alterações no desejo sexual propriamente dito podem ser efeito de conflitos inconscientes, culpabilização, valores pessoais muito rígidos, expectativas muito elevadas em relação ao outro(a) e a si próprio, dentre outras formas que tem como um dos resultados possíveis, a uma baixa auto-estima/valor pessoal e quem sabe até um conflito de identidade. É necessário um tratamento que considere o comentário verbal acerca dessa vivencia e um ouvinte qualificado e sem preconceitos para uma melhoria da qualidade de vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário