sábado, 28 de fevereiro de 2009

A arte de interpretar sonhos

Desde tempos remotos, o ser humano se impressiona com a linguagem que se apresenta nos sonhos, desde os mais simples aos mais bizarros e absurdos. Há relatos desde a antiguidade descritos na Bíblia, como o caso de José que interpretou o sonho do faraó (rei do Egito) prevendo sete anos de fartura seguidos de sete anos de dificuldade. Por esta via há inúmeros e infinitos relatos, seja na literatura ou em revistas.
É bastante comum a crença em os sonhos premonitórios, aqueles que dizem algo sobre nosso futuro. Nesta perspectiva há uma extensa quantidade de livros e outras publicações sobre a interpretação de sonhos, a maioria versando sobre o futuro do sonhador, a maioria generalizando as situações e desconsiderando a pessoa que o sonha. Particularmente, um sonho muito significativo nesse sentido é sonhar com a morte de uma pessoa querida que na vida real está viva (pai, mãe, irmã(o), namorada(o), um cônjuge), e uma possível sensação de desconforto e culpa ao acordar. Dificilmente um sonho será claro e tão literal. Os sonhos são uma linguagem simbólica que muito mais do que o que possa aparentar a cerca de nossas vidas. Ao contrário do que nos apresentam muitos dessas publicações que generalizam as imagens dos sonhos, as imagens e sensações que os sonhos produzem ocorrem num contexto, pois a maioria dos sonhos advêm de restos diurnos, do que se vivencia durante o dia, e do momento de vida do sonhador. Se os sonhos são a realização de desejos, como postulou Freud, qual poderia ser o desejo desse sonho? O que ele representa na vida dessa pessoa, que não a simples saída do convívio desta pessoa? Por que agora? Com certeza não é uma questão simples, possível de se encontrar em um livro em um livro ou revista... É necessário bastante empenho de quem irá realizar essa interpretação em compreender as sensações, imagens, medos, angústias que este sonho despertou e ver como este se relaciona com a vida da pessoa. E esta construção do que aparentemente poderia ser visto como absurdo e bizarro para a consciência do sonhador, possa se transformar em algo que faça sentido e que produza o que poderia-se denominar como mais vida. Mais vida é aquilo que faz desta atividade uma arte, e como toda arte, embelezar e dar mais sentido à nossas vidas como um caminho a ser percorrido.


Nossa Noticia, 28/02/09.