segunda-feira, 6 de julho de 2009

A terra do nunca


Um grande espaço do tempo televisivo, de rádio e mesmo da mídia impressa tem sido destinado à morte do ídolo do pop Michael Jackson. Aliás, periodicamente somos levados a “consumir” determinadas informações. Às vezes nem precisavam de tanto destaque, holofotes e pirotecnia. O mesmo aconteceu com o caso Isabella, aquela menina jogada criminosamente pela janela de um apartamento num bairro de classe média alta de São Paulo, da adolescente Eloá morta pelo ex-namorado enciumado, o recente desastre da Air France... Não são fatos banais ou menos trágicos que outros. Na mesma época que Isabella estava em pauta, uma menina numa vila em Porto Alegre havia sido morta por um padrasto, depois de estuprada, enforcada com a própria roupa... Não teve o mesmo espaço que Isabella. Algo faz com que determinados acontecimentos façam com que as pessoas estejam tão atentas a determinadas notícias, dando audiência às emissoras, vendam jornais, etc...
O grande sucesso de Michael Jackson, embora não necessariamente sua música seja do gosto de todos, sua vida atribulada, nos fazem pensar no sentido de progredir profissionalmente, em qualquer carreira, quando a vida pessoal parece estar de ponta a cabeça... Casamentos sucessivos e malsucedidos, escândalos sexuais, dívidas de elevadíssimas somas. E nos últimos anos, Neverland (terra do nunca de Peter Pan), era sua residência ate o final de 2008 na Califórnia nos Estados Unidos. Além de ter uma imensa mansão, zoológico era também um parque infantil. Tudo numa área de 1120 hectares. O cantor dizia que escolheu fazer este lugar para divertir as crianças e que gostaria de recuperar a infância que não teve. Ora, sabemos o quanto se ouve falar da época que éramos crianças e éramos felizes. Só que na terra mítica de Peter Pan as crianças não crescem jamais. A vontade de reviver uma infância perdida só surge como possível numa cultura em que a felicidade das crianças é a fantasia de todos, ao menos e o que os adultos supõe. Esse seja um dos motivos que fazem as pessoas darem tanta atenção a este ícone do pop. Ele nos diz respeito de alguma forma, pelo menos considerando o que somos enquanto sociedade, o que somos em nosso tempo. Mas a repetição da mídia é exaustiva... Será que nos damos conta?

Um comentário:

  1. Excelente texto!
    Tambem vou virar leitora assidua aqui!
    Esse assunto da pano pra manga, um fenomeno de fixacao jovial, cuja midea apadrinha.

    Beijao querido!

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