quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Tempos de solidão


Vivemos uma época em que nunca houveram tantas possibilidades de comunicação instantâneas. Sejam ferramentas como a internet, telefonia convencional e celular, como formas outras de vencer a barreira do tempo/espaço como o jornal, a literatura, o cinema e a televisão... Enfim, invenções humanas que permitem ultrapassar as distancias geográficas e físicas que nos separam, superando assim o tempo necessário a esta aproximação.
O ser humano tem por característica ser gregário, se constitui a partir de interações com outros e consigo próprio. Isto faz refletir sobre como somos, como pensamos, como agimos, das expectativas que temos dos outros e de nós mesmos com relação ao nosso presente e ao nosso futuro. Ora pois, uma grande questão de nosso tempo, é a vivencia de solidão no contemporâneo. Onde está o erro ou a falha disto tudo? Nossas invenções comunicacionais enquanto humanos de estar junto com quem gostamos, de eternizar alguma idéia através da literatura e do cinema, não garantiram aplacar o sentimento de vazio, de falta de esperança no futuro, a solidão que acompanha a vida. Diria que esta é uma condição humana, ela nos acompanha de alguma forma sempre, embora hajam formas cuja qual isso se apresenta de forma problemática, de maneira a constituir quadros de sofrimento mental mais ou menos intensos.
Naturalmente não se trata de colocar a solidão como um fato negativo da vida. Não é o que pensa um artista que se isola em determinado momento para pensar sua obra, do chefe de uma empresa para tomar uma decisão mais sensata, do político que pára a refletir sobre que rumos seguir em sua trajetória, do casal apaixonado que em alguma discussão resolve se distanciar para poder “respirar”. A solidão pode ser um momento de profunda criatividade e produção de diferença necessária a transformação da vida.
Sempre ouvimos dizeres do tipo “antes só do que mal acompanhado” e por outro lado que “a união faz a força”. A vida feita uma ilha deserta pode parecer um momento interessante, mas se ela passa a ser uma regra, deixando a pessoa solitária, não apenas do ponto de vista amoroso, poderá ser um sinal de alguma barreira impede um contato maior com a forma gregária de ser. De outro extremo, “a união faz a força” nem sempre será a melhor escolha. Pergunto: a força à custa de quê? Qual o “retorno” que essa força investida me oferece? Não se trata de viver light ou coll, tentando encontrar um meio termo, um equilíbrio. Água com açúcar nem sempre será interessante. Para você, o que é realmente interessante?

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