terça-feira, 4 de agosto de 2009

Estresse?



Quem já não ouviu dizer algo do gênero “estou estressado”? O que se ouvia antigamente como doença e sofrimento de altos executivos sugados pelos seus exigentes trabalhos passou a ser algo dito costumeiramente no dia-a-dia. Para ilustrar o que estou dizendo, uma pesquisa realizada pela Internacional Stress Association no Brasil (ISMA-BR) com mil executivos de São Paulo e Porto Alegre constatou que 86% deles sentem dores musculares e dores de cabeça e cerca de 81% sofrem com ansiedade. Em situações de tensão, 18% destes executivos relataram explosões de raiva. Alguns motivos apontados pelos mesmos dão conta de excesso de tarefas, medo de demissão, muita responsabilidade com pouca autonomia, conflitos e desequilíbrio entre esforço e gratificação. Estes são alguns dos efeitos nocivos do estresse que acabam, além dos efeitos emocionais não menos danosos de exaustão, depressão e solidão, sobrecarregando o corpo. Um organismo constantemente exposto ao estresse fica sempre em alerta numa posição fight-or-flight, trocadilho da língua inglesa que quer dizer luta ou fuga. Este impasse, ou seja, esta sobrecarga pode ocasionar graves danos à saúde física do indivíduo, alguns irreversíveis.
O comprometimento das pessoas no trabalho parece ser um bom termômetro do estresse pois este fator irá contribuir na permanência ou na conveniência de manter o estado de coisas que aí opera. É bastante claro, no entanto, que a competição seja entre colegas de trabalho ou com outras empresas concorrentes, contribui e bastante para que estes adoecimentos possam existir e se agravar. Não se trata de buscar um bode espiatório para responsabilizar o trabalho ou a pessoa vivendo em estado de estresse. O que é necessário é analisar como um e outro contribuem para manter e prejudicarem-se, reforçando a lógica de seu funcionamento adoecido.
Algum nível de estresse sempre haverá em nossas vidas, pois esta é uma característica inerente a nossa condição enquanto humanos e seres vivos. Um leão, numa savana africana pode ser bastante feroz, mas em uma situação de tempestade iminente, procurará abrigo contra esta força da qual não é capaz de enfrentar de forma eficaz. Em situações de luta e fuga, às vezes é mais conveniente e inteligente ser como o leão. Embora essa seja uma resposta simples para o leão em seu ambiente, ela não parece o ser para nós humanos enquanto seres numa sociedade em que derrotas, ou a fuga, são vistas como vergonhosas. Desde tenra idade, os ser humano é ensinado a enfrentar cerrando dentes e punhos situações de combate. Nem sempre esta será a escolha mais inteligente e saudável para nossa sobrevivência física e psíquica. Há de se inventar outras formas de lidar com o mal dos executivos, embora não seja nenhum privilégio padecer dele. A vida merece ser vivida com suas dores, amores e alegrias, e assim sendo, a vida se torna uma obra de arte, única e admirável.
Aliás, o que as organizações têm pensado em como tornar o trabalho de fato algo que faça com que as pessoas cresçam junto com as mesmas? Se seus líderees estão adoecendo, como imaginar a tão sonhada sustentabilidade?

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