domingo, 20 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Tempos de solidão
Vivemos uma época em que nunca houveram tantas possibilidades de comunicação instantâneas. Sejam ferramentas como a internet, telefonia convencional e celular, como formas outras de vencer a barreira do tempo/espaço como o jornal, a literatura, o cinema e a televisão... Enfim, invenções humanas que permitem ultrapassar as distancias geográficas e físicas que nos separam, superando assim o tempo necessário a esta aproximação.
O ser humano tem por característica ser gregário, se constitui a partir de interações com outros e consigo próprio. Isto faz refletir sobre como somos, como pensamos, como agimos, das expectativas que temos dos outros e de nós mesmos com relação ao nosso presente e ao nosso futuro. Ora pois, uma grande questão de nosso tempo, é a vivencia de solidão no contemporâneo. Onde está o erro ou a falha disto tudo? Nossas invenções comunicacionais enquanto humanos de estar junto com quem gostamos, de eternizar alguma idéia através da literatura e do cinema, não garantiram aplacar o sentimento de vazio, de falta de esperança no futuro, a solidão que acompanha a vida. Diria que esta é uma condição humana, ela nos acompanha de alguma forma sempre, embora hajam formas cuja qual isso se apresenta de forma problemática, de maneira a constituir quadros de sofrimento mental mais ou menos intensos.
Naturalmente não se trata de colocar a solidão como um fato negativo da vida. Não é o que pensa um artista que se isola em determinado momento para pensar sua obra, do chefe de uma empresa para tomar uma decisão mais sensata, do político que pára a refletir sobre que rumos seguir em sua trajetória, do casal apaixonado que em alguma discussão resolve se distanciar para poder “respirar”. A solidão pode ser um momento de profunda criatividade e produção de diferença necessária a transformação da vida.
Sempre ouvimos dizeres do tipo “antes só do que mal acompanhado” e por outro lado que “a união faz a força”. A vida feita uma ilha deserta pode parecer um momento interessante, mas se ela passa a ser uma regra, deixando a pessoa solitária, não apenas do ponto de vista amoroso, poderá ser um sinal de alguma barreira impede um contato maior com a forma gregária de ser. De outro extremo, “a união faz a força” nem sempre será a melhor escolha. Pergunto: a força à custa de quê? Qual o “retorno” que essa força investida me oferece? Não se trata de viver light ou coll, tentando encontrar um meio termo, um equilíbrio. Água com açúcar nem sempre será interessante. Para você, o que é realmente interessante?
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Internet: onde público e privado se encontram
Cresce a cada dia o número de usuários e o acesso doméstico, consequentemente o acréscimo de horas de acesso ao world wide web, o WWW. E a tendência é seguir crescendo rapidamente. E com este crescimento, aumenta também a preocupação com a privacidade na mesma. Isto inclui desde programas espiões que roubam senhas bancárias de quem utiliza o serviço de homebanking, pessoas mal intencionadas em chat e bate-papos online, programas que roubam dados pessoais através de emails respondidos – os phishings, como forma de descobrirem o perfil de consumo do usuário.
Por outro lado, cresce a preocupação de pais e educadores com o uso destas ferramentas de comunicação. Inegável as possibilidades de aprendizagens em qualquer nível que a internet favorece. No entanto, cabe aos adultos e pais orientar as gerações que estão vindo. Por exemplo, qual é o papel de um adulto ao saber que uma adolescente de 13 anos colocou fotos sensuais em seu Orkut? Esta mesma adolescente saberá reagir com a abordagem de um homem mais velho ou mesmo há um garoto de sua idade? Pode-se fazer um paralelo entre o mundo real quando uma jovem de 25 anos sabe o que esperar das iniciativas masculinas se for vestida sensualmente a uma festa. E a nossa adolescente vai aprender isso sozinha? Não é aconselhável. O risco pode ser a moça ficar redonda se os pais e os adultos não forem um pouco “quadrados”, por exemplo. Naturalmente, estou utilizando um argumento extremo, embora sempre se ouça alguma história de adolescente que “achava que isso não ia acontecer comigo”. Muita presunção. Isso vale tanto para as meninas quanto aos meninos, afinal, ambos têm “participação nos lucros”.
Importa afirmar que os adultos devem saber o que seus filhos fazem na internet sim, e sem medo de serem chamados de autoritários ou qualquer coisa nesse sentido. É o mesmo que saber com quem andam na rua. Afinal, a internet também é um espaço de circulação. Cabe aos pais e responsáveis, seja em casa ou em escolas, restringirem o acesso a determinados sites e a instalação de programas que possam deixar os jovens expostos a pessoas e conteúdos mal intencionados. Geralmente, as lojas especializadas em informática e a própria rede oferecem informações de como se restringir o acesso a determinados conteúdos. Mas nada como um bom bate-papo sobre o que seu filho/a sabe sobre como se proteger e dos riscos que a internet pode oferecer. Da mesma forma que a rua pode oferecer riscos. Educar ainda é a melhor escolha.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Estresse?
Quem já não ouviu dizer algo do gênero “estou estressado”? O que se ouvia antigamente como doença e sofrimento de altos executivos sugados pelos seus exigentes trabalhos passou a ser algo dito costumeiramente no dia-a-dia. Para ilustrar o que estou dizendo, uma pesquisa realizada pela Internacional Stress Association no Brasil (ISMA-BR) com mil executivos de São Paulo e Porto Alegre constatou que 86% deles sentem dores musculares e dores de cabeça e cerca de 81% sofrem com ansiedade. Em situações de tensão, 18% destes executivos relataram explosões de raiva. Alguns motivos apontados pelos mesmos dão conta de excesso de tarefas, medo de demissão, muita responsabilidade com pouca autonomia, conflitos e desequilíbrio entre esforço e gratificação. Estes são alguns dos efeitos nocivos do estresse que acabam, além dos efeitos emocionais não menos danosos de exaustão, depressão e solidão, sobrecarregando o corpo. Um organismo constantemente exposto ao estresse fica sempre em alerta numa posição fight-or-flight, trocadilho da língua inglesa que quer dizer luta ou fuga. Este impasse, ou seja, esta sobrecarga pode ocasionar graves danos à saúde física do indivíduo, alguns irreversíveis.
O comprometimento das pessoas no trabalho parece ser um bom termômetro do estresse pois este fator irá contribuir na permanência ou na conveniência de manter o estado de coisas que aí opera. É bastante claro, no entanto, que a competição seja entre colegas de trabalho ou com outras empresas concorrentes, contribui e bastante para que estes adoecimentos possam existir e se agravar. Não se trata de buscar um bode espiatório para responsabilizar o trabalho ou a pessoa vivendo em estado de estresse. O que é necessário é analisar como um e outro contribuem para manter e prejudicarem-se, reforçando a lógica de seu funcionamento adoecido.
Algum nível de estresse sempre haverá em nossas vidas, pois esta é uma característica inerente a nossa condição enquanto humanos e seres vivos. Um leão, numa savana africana pode ser bastante feroz, mas em uma situação de tempestade iminente, procurará abrigo contra esta força da qual não é capaz de enfrentar de forma eficaz. Em situações de luta e fuga, às vezes é mais conveniente e inteligente ser como o leão. Embora essa seja uma resposta simples para o leão em seu ambiente, ela não parece o ser para nós humanos enquanto seres numa sociedade em que derrotas, ou a fuga, são vistas como vergonhosas. Desde tenra idade, os ser humano é ensinado a enfrentar cerrando dentes e punhos situações de combate. Nem sempre esta será a escolha mais inteligente e saudável para nossa sobrevivência física e psíquica. Há de se inventar outras formas de lidar com o mal dos executivos, embora não seja nenhum privilégio padecer dele. A vida merece ser vivida com suas dores, amores e alegrias, e assim sendo, a vida se torna uma obra de arte, única e admirável.
Aliás, o que as organizações têm pensado em como tornar o trabalho de fato algo que faça com que as pessoas cresçam junto com as mesmas? Se seus líderees estão adoecendo, como imaginar a tão sonhada sustentabilidade?
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